Agora vamos relatar façanhas de alguns peões do passado com suas técnicas rudes e arrojadas. Esta estória foi transcrita da pag. 33 do livro Coisas do Passado, de José Maria de Arruda Filho. Ela relata as façanhas de um peão da fazenda Bovista chamado Tota Machado. Eis a narrativa de Zé Maria:
” Quem viu como nós as façanhas de um Tota Machado, de um Pedro Trabuco, de um Virgílio Eufrásio, de um Leandro Arruda e tantos outros, cometerá uma injustiça se escrever sobre lidas campeiras e não os citar.
Citando-os, temos que contar algumas de suas façanhas.
Todos eles, está claro, eram domadores.
Tota Machado lidava sozinho. Laçava o potro, embuçalava, encilhava, tirava da mangueira para o campo. Ali fazia umas rodilhas com o cabo do buçal e com elas na mão esquerda, pegava juntamente a orelha do lado de montar do redomão. Com a mão direita segurava a rédea e a cabeça do arreio e de repente, num salto, alcançava o socado sem fazer uso do estribo.
Se o potro corcoveava ou rodava, pior para ele, cavalo, pois o cavaleiro nem saia, nem ficava calcado.
Uma ocasião Tota Machado montava um redomão e ia fechando um cigarro, quando o pingo deu um coice, saiu corcoveando e foi cair num caminho fundo.
Num barranco perto estava o homem fechando o cigarro e esperando o cavalo levantar-se para saltar no lombilho, o que fez já de cigarro nos queixos.
Outra ocasião encilhou um animal que estava solto há muito tempo. Não pôs rabicho. Em dado momento o cavalo pôs-se a corcovear. Os arreios vieram para frente , para cair, quando o cavaleiro rápido os segurou, juntamente com um punhado de crina do animal.
Sairam o baixeiro e a carona, mas ele e o socado ficaram.”