Esta estória foi extraída da pág. 37 do livro Coisas do Passado, de José Maria de Arruda Filho.
Assim escreveu o Zé Maria:
“Os pialos eram de forma clássica: reborqueados. Pialos brancos, mata-cobra, como eram chamados, eram pejorativos para quem os usasse.
Terneiro derrubado com um pialo destes, ninguém o calcava.
Às vezes quando eram muitos laços rodopiando no ar, um muito próximo do outro, permitia-se um “tirão” ou uma “cucharra”.
Os pialadores dividiam-se em tres classes: Os novatos e pichotes, os médios que já pialavam bem e os “jubilados”, que eram mestres.
Estes últimos eram raros e por isso só falaremos de três deles:
Heleodoro Vieira, da fazenda, reborqueava seu laço com muita velocidade; a armada pequena vinha de longe numa nuvem de poeira catar as munhecas da rês.
Outro pialador espetacular e canhoto – o Cafula – mulato espigado (lembra o Beatinho do Euclides da Cunha) pialava de armada grande, à moda de Vacaria, por onde as vezes passava.
Mas o “catedrático do reborqueado”, preciso, matemático, cabloco retaco e quieto – Antonio da Rosa Arruda Madruga – armava o seu “mundéu” próximo ao fogo da marca. Terneiro que por ali passasse, era terneiro marcado.”